Liberdade da Vontade e o Conceito de Pessoa
Frankfurt, compatibilismo e desejos de 2ª ordem
Paulo Roberto M. Cunha
27.mar.2025
HISTORIA DA FILOSOFIA CONTEMPORANEA II
Universidade Federal do Pará - Bacharelado em Filosofia
O Compatibilismo de Harry Frankfurt e a Filosofia da Mente

Harry Gordon Frankfurt

  • David Bernard Stern (orig.)

  • EUA 1929 - 2023 (94 anos);

  • Professor emérito de filosofia da Universidade de Princeton;

  • Conceito de Higher-order volition
    (vontade de segunda ordem);

 

Link para uma biografia na Universidade de Princeton.

O Compatibilismo de Harry Frankfurt e a Filosofia da Mente

Ideias

  • Compatibilismo
  • Decartes e o Livre Arbítrio;
  • Conceito de Pessoa;
  • Responsabilidade Moral;
  • A atitude de cuidar desempenhou um papel central em sua filosofia.

O sentido existencial e a atribuição de significado estão ligados ao ato de preocupar-se e considerar importante.

O Compatibilismo de Harry Frankfurt e a Filosofia da Mente
O Compatibilismo de Harry Frankfurt e a Filosofia da Mente
  • FRANKFURT, Harry G. Freedom of the Will and the Concept of the Person. The Journal of Philosophy, [s. l.], v. 68, n. 1, p. 5–20, 1971.
O Compatibilismo de Harry Frankfurt e a Filosofia da Mente

Compatibilismo

  • Compatibilismo é a crença de que o livre-arbítrio e o determinismo casual são mutuamente compatíveis e que é possível acreditar em ambos sem ser logicamente inconsistente.


    • Vontades de segunda ordem determinismo causal.

    • Livre-arbítrio Responsabilidade moral.

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Pessoa

  • [...] uma pessoa é alguém que tem volições de segunda ordem ou que se preocupa com os desejos que tem.

  • Ele contrasta as pessoas com os devassos (wantons1) como seres que têm desejos, mas não se importam com qual de seus desejos é traduzido em ação.

 

1 Wanton: devasso, depravado, pervertido - quem causa danos ou prejuízos deliberadamente e sem motivo aceitável.

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Higher-order volitions

  • "Vontades de segunda ordem" são vontades que determinam vontades;

  • Contraposição às vontades que determinam a ação;

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Vontade Livre Genuina

"A vontade livre genuína requer mais do que
simplesmente ter as suas ações determinadas
por suas vontades ou seus desejos".

Vontades ou Desejos

Ações

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Vontade Livre Genuina

É exigido também que os seus desejos comuns sejam eles mesmos determinados por desejos de “segunda ordem”:

Desejos mais reflexivos
(vontade de segunda-ordem)

Vontades ou Desejos
(vontade de primeira-ordem)

Ações

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"Livre é quem tem suas ações em conformidade
com seus desejos mais reflexivos"

(Visão de Frankfurt sobre o Compatibilismo)

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"Conceito de Pessoa"


Argumento 01

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Análise do Argumento 01:

  • O trecho 01 apresenta dois modos de entender a palavra “Pessoa” e, com isso, distingue aspectos puramente biológicos de aspectos filosófico-existenciais.

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Argumentação 01:

  • (Premissa 1)
    “Pessoa” pode ter um sentido puramente biológico;

  • (Premissa 2)
    Do ponto de vista filosófico, a questão “o que é Pessoa?” não se resolve apenas pelos laços de espécie;

  • (Premissa 3)
    Os critérios para definir “Pessoa”, em sentido filosófico, devem abordar propriedades e capacidades que consideramos centrais para nossas preocupações humanas profundas (valores morais, existência, dignidade etc.);

Argumentação 01: (continuação)

  • (Conclusão intermediária)
    Tais atributos não perdem a sua importância caso sejam compartilhados com outras espécies;

  • (Conclusão final)
    Portanto, tudo que consideramos valioso na condição humana continuaria importante, ainda que descobríssemos que seres não humanos compartilham dessas mesmas características.

"Conceito de Pessoa"


Argumento 02

Análise do Argumento 02:

  • O trecho 02 discute a questão de se o conceito de “pessoa” depende de pertencer necessariamente a uma única espécie ou se é possível concebê-lo de modo mais amplo, envolvendo critérios que podem ou não coincidir com a divisão estritamente biológica.

Argumentação 02:

  • (Premissa 1)
    Há cenários conceitualmente possíveis em que não-humanos podem ser pessoas.

  • (Premissa 2)
    Também se admite que alguns humanos não preencham os critérios de pessoa.

  • (Premissa 3)
    Apesar dessa abertura conceitual, na prática, não reconhecemos formalmente nenhuma outra espécie como possuidora de pessoas.

Argumentação 02: (continuação)

  • (Conclusão intermediária)
    Conclui-se que ser pessoa não é algo que dependa intrinsecamente de uma definição estrita de espécie.

  • (Conclusão final)
    De todo modo, a concepção de pessoa se baseia num conjunto de características (Ex: consciência moral, racionalidade, linguagem, etc.) que, certa ou erradamente, costumamos atribuir exclusivamente aos humanos.

"Conceito de Pessoa"


Argumento 03

Análise do Argumento 03:

  • O trecho 03 propõe uma distinção entre pessoas (particularmente, os seres humanos) e outras criaturas baseada na “estrutura da vontade” – em especial, na capacidade de formar desejos de segunda ordem.

Argumentação 03:

  • (Premissa 1)
    Tanto humanos quanto outras espécies possuem desejos e motivações.

  • (Premissa 2)
    Contudo, os humanos têm algo além disso: desejos de segunda ordem.

  • (Premissa 3)
    Esses desejos de segunda ordem implicam querer ou não querer determinados desejos.

Argumentação 03: (continuação)

  • (Premissa 4)
    Somente os humanos exibem essa capacidade de autoavaliação reflexiva, distinguindo-se dos animais que só possuem desejos de primeira ordem.

  • (Conclusão intermediária)
    Disso decorre que há uma diferença essencial na “estrutura da vontade” das pessoas, em contraste com as demais criaturas.

  • (Conclusão Geral)
    A capacidade de formar desejos de segunda ordem é o traço definidor que sustenta a diferença essencial entre “Pessoas” (no sentido filosofico) e animais não humanos.

Referências

  • FRANKFURT, Harry G. Freedom of the Will and the Concept of the Person. The Journal of Philosophy, [s. l.], v. 68, n. 1, p. 5–20, 1971.

  • FRANKFURT, Harry G. The Reasons of Love. Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 2004.

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